domingo, 1 de agosto de 2010

Autoconhecimento e o caminho de meio




O príncipe Sidarta Gautama, quando decidiu buscar a iluminação, abandou as riquezas, deixou de morar com a família e foi viver totalmente sem nada em meio a natureza. Não levou nem as roupas que usava. Um belo dia estava ele debaixo de uma árvore meditando, quando ao abrir os olhos chamou sua atenção uma pequena embarcação que deslizava suavemente num rio à sua frente. Naquele momento, ao contemplar aquela cena onde alguém tocava um instrumento de cordas que emitia uma melodia suave e harmoniosa a ponto de interromper seu estado meditativo, o buda encontrou o que tanto procurava.
Reparando na perfeita afinação do instrumento, Sidarta compreendeu que o caminho do meio é o caminho da iluminação. Meditando na lição daquele instrumento, ele refletiu que o mesmo para vibrar daquele jeito precisava estar muito bem afinado. Sua afinação se dá pela correta calibração das cordas. Se apertar demais o som sai errado e se apertar de menos também. Nem tão apertado, nem tão frouxo.
Me deu vontade de escrever sobre isso porque me lembrei das inúmeras vezes em que tentei perder peso rapidamente e recorri a dietas radicais. Era a dieta da sopa, do limão, da lua... e sempre o mesmo resultado: acabava descompensada comendo tudo novamente e engordando de novo. Não adianta, tem que ir por etapas.
Nós seres humanos somos como uma cebola. Cada camada é como uma imperfeição que precisamos eliminar para revelar o Eu Verdadeiro que está encoberto por elas. E isso é um processo.
Quando acessamos/buscamos nossa Consciência, que está acima da nossa personalidade, damos início ao processo de identificação e retirada das camadas. Podemos perceber o que está por trás do efeitos: as causas. Digamos que os efeitos sejam nossos comportamentos que levam a nossa realidade projetada.
Por exemplo: O que nos leva ao comportamento da comer compulsivamente? A realidade projetada acaba sendo desagradável: um corpo obeso que você não se identifica com ele.
Quando fazemos o mergulho na busca do Eu Verdadeiro (a Consciência) podemos descobrir que a comida pode estar sendo usada como fuga, compensação, auto-punição e tantos outros escapismos e somatizações quantos forem os problemas íntimos. A busca pelo auto-conhecimento é o caminho que nos ajuda a afinar as cordas do nosso íntimo para que sejamos "instrumentos com vibrações harmoniosas". Não importa se essa busca esteja na sua religião ou na psicologia, enfim, é um caminho que precisa ser trilhado com honestidade e persistência, porque o que importa é que a felicidade está dentro de nós mesmos.
Só nós podemos descobrir a saída para as situações que criamos e que geram mais problemas na nossa realidade projetada, como a obesidade, o alcoolismo, a sexolatria, ou doenças da emoção como pânico, depressão e ansiedade.
Gosto de contar uma história que li em algum lugar.
Um certo dia um grupo de jovens monges estava fazendo uma pequena viagem a pé para conhecer um outro monge muito sábio e famoso na região. Pelo caminho, um deles encontrou uma fenda num paredão de rocha e resolveu enfiar a cabeça para olhar o que estava por trás dela. Depois de satisfeito, tentou voltar e notou que ficara preso. Atônito, o jovem debateu-se, desesperou-se, tentou de todas a formas sair sem sucesso. Os amigos sem ter como ajudá-lo, decidiram que seguiriam a viajem sem ele que sacrificaria a vida ficando ali resignado esperando a hora da morte.
Quando o grupo afastou-se, não demorou muito e um outro monge que viajava sozinho, vendo a cena do homem com a cabeça enfiada na fenda, aproximou-se curioso para saber o que ele fazia ali. O pobre homem respondeu resignado que esperava a morte porque não sabia como sair daquela situação.
O viajante dando uma risada disse:
- Ora, saia do mesmo jeito que entrou!
E dando as costas foi-se embora.
Então o homem conseguiu lembrar-se do jeito que enfiou a cabela na fenda e finalmente conseguiu retirá-la facilmente salvando-se da morte.
Bem assim são as contendas e as crises de longo curso que se iniciam e muitas vezes nem sabemos como. Ficamos tão envolvidos nos processos, nas consequências e desdobramentos que, se nos permitíssemos parar para lembrar ou identificar como criamos ou entramos em determinadas situações, tudo seria diferente em nossas vidas. Culparíamos menos os outros pelo que nos acontece. Quando vier a pergunta, porque isso está acontecendo comigo? Lembremos do monge preso na fenda e respondamo-nos com outra: Como foi que enfiei minha cabeça nisto?
Paz Profunda!
Patrícia Munick.

Um comentário:

  1. Prima :

    Foi muito bom vir aqui
    que bela idéia me veio
    ler bem escrito por ti
    sobre o CAMINHO DO MEIO.

    Lindo
    PARABÉNS

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